22/01/2025

Impactos diretos para o Brasil da saída dos EUA do Acordo de Paris

31 dez 1969

Os impactos da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris são amplos e refletem um esvaziamento global da pauta climática, em vez de algo diretamente específico para o Brasil. Trata-se de um movimento com repercussões sistêmicas que afetam o equilíbrio das negociações climáticas internacionais como um todo. No contexto brasileiro, os efeitos são percebidos de forma indireta, mas significativa, devido à posição estratégica do país em temas ambientais, como a preservação da Amazônia, o papel da agricultura e do agronegócio, e a liderança em energia renovável.

É crucial compreender se os parceiros estratégicos dos Estados Unidos seguirão pelo mesmo caminho, contribuindo ainda mais para o enfraquecimento dessa agenda no cenário global. Além disso, o posicionamento de blocos econômicos e políticos como a União Europeia e a China será determinante para avaliar o impacto real dessa decisão.

Embora preocupante, este não é um problema isolado do Brasil, mas uma ameaça ao avanço de uma das pautas mais urgentes para a humanidade. Cabe ao Brasil e aos demais países atuarem de forma colaborativa para evitar que o tema perca relevância no cenário global.

A recente declaração de Donald Trump, afirmando que os Estados Unidos “não dependem do Brasil e de países da América Latina”, pode representar um problema diplomático, pois desconsidera a complexidade das relações entre os dois países, especialmente no contexto comercial. O Brasil é um dos maiores exportadores de commodities agrícolas para o mercado americano, incluindo soja, café e carne bovina, produtos essenciais para a cadeia de abastecimento dos Estados Unidos. Embora a declaração do presidente Trump tente minimizar a importância do Brasil, a interdependência comercial e o papel estratégico do país como fornecedor de alimentos e recursos naturais para o mundo demonstram que essa visão simplista está longe da realidade. Essa postura não apenas ignora a relevância econômica brasileira, mas também o impacto que as decisões políticas ambientais e comerciais americanas podem ter no cenário global.

Em um momento tão delicado, é essencial lembrar que, neste ano, o Brasil sediará a COP 30, um dos eventos climáticos mais importantes do mundo. A decisão dos EUA de sair do Acordo de Paris não pode, de maneira alguma, reduzir a relevância da pauta climática ou enfraquecer o papel do Brasil como um dos principais protagonistas globais no debate ambiental. A realização da COP 30 reforça a responsabilidade e a oportunidade que o Brasil tem de liderar a discussão e implementar soluções sustentáveis concretas, pautadas na bioeconomia, para enfrentar os desafios climáticos.